terça-feira, 30 de novembro de 2010

A IMPORTÂNCIA DO BOM WARM-UP

Parece fácil, né? Você, DJ, vai abrir a noite. Você está incumbido de ligar os motores da balada, fazer a coisa começar a esquentar, engatar a primeira e depois a segunda. É sua responsabilidade criar o clima para outros que virão depois.

Se é tão fácil, por que tantos têm dificuldade em fazer um bom warm-up? Por que tantas vezes entramos em clubs para encontrar um DJ martelando hits para meia dúzia de pessoas que acabaram de pegar sua primeira cerveja no bar?

Pobre do DJ que tem que entrar depois de um "esquenta" (mais para "ferve") desses. É obrigado a começar seu set já no alto, é forçado a já chegar atirando, sob sério risco do público (e do dono da festa) considerar que ele "desbombou". E todo aquele planejamento de set, aquela ideia de contar uma história musical interessante, vai por água abaixo.

Abrir uma noite, abrir para outro DJ, muitas vezes um convidado especial em que os organizadores do evento investiram uma boa grana, é uma arte em si. Merece atenção e dedicação.

Uma das características vitais para uma discotecagem de qualidade, sabemos bem, é a sensibilidade. Sacar o que a pista quer ouvir, perceber o que o momento pede. Aqueles DJs que queimam a largada de uma noite, num misto de insegurança e egoísmo, estão simplesmente mostrando uma total falta de sensibilidade.

Além de trabalhar a humildade, fazer warm-up pode ser um trabalho muito gostoso e gratificante. Ali se encontram muitas oportunidades: tocar e testar faixas diferentes, descobrir novas sonoridades, ampliar sua pesquisa musical, treinar a construção de um set - habilidade que é útil para qualquer hora na cabine.

É tudo questão de saber a dose. Assim como não é legal sair rasgando desde o começo da noite, warm-up também não significa necessariamente deixar o povo parado, tocando música chata e desmotivando quem chega. Às vezes, o momento já pede um pouco de energia, de animação. Mesmo nesses casos, o DJ que abre não deve perder de vista que ele só está dando o start na noite e tocar de acordo com isso.

Um tempinho atrás, o site Resident Advisor publicou um ótimo texto sobre a arte de esquentar a pista. Na matéria, o veterano DJ inglês Steve Lawler deu uma sábia declaração: "O trabalho do warm-up é na verdade o mais difícil, é muito importante para dar a cara da noite como um todo. Se o cara do warm-up faz um bom trabalho, dá pra sentir no ar. Aí, em 99% dos casos, a noite incrível acaba sendo realmente incrível."

Eu tenho feito alguns sets de warm-up nos últimos tempos. Como trabalho de dia, muitas vezes peço para abrir a noite em datas no meio da semana. Aproveito a chance e toco coisas que não poderia tocar em outros momentos. E me divirto muito vendo a balada tomar corpo, as pessoas se soltando e entrando na bagunça. E vejo com satisfação o próximo DJ chegar e receber uma pista pronta para ele levar onde quiser.

CAMILO ROCHA
é DJ, jornalista e colunista fixo da Electro M.A.G., com a seção "Música e Delírio".

1 comentários:

Dj Roger CWB disse...

Bacana.. eu, quando faço warmup, geralmente abro com PABLO BOLIVAR, que tem umas tracks incriveis e finalizo com algumas tracks de KAROL XVII.

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